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Encontros e desencontros de uma Lua 2


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Aline não podia sentir-se mais feliz. Pensava que ele a tivesse esquecido. Mas mal sabia ela que seu amor estava tão vivo quanto antes. Sentiu mil borboletas dançarem em seu estômago. Os dois ficaram durante dias se encontrando na praia, onde conversavam e contavam sobre suas vidas. Havia tanto o que falar. Eram dois pequenos apaixonadas outra vez. Fernando estava encantado.
Na manhã de 23 de dezembro, Aline o convidou para ceia de Natal com sua família. Ele aceitou imediatamente e estava visivelmente ansioso. Ela queria que tudo saísse perfeito. Mas talvez os encantos da lua e do amor reencontrado a tivesse feito esquecer-se de tudo ao seu redor. Na mesma manhã, Henrique voltou para Santos. Aline quase teve uma síncope ao vê-lo parado em sua porta. Tinha esquecido completamente que seu namorado voltaria para o Natal.
Não sabia o que fazer. Contou a melhor amiga tudo o que havia acontecido. Ela não podia simplesmente esquecer-se do namorado que tanto a amou. Não poderia esquecer-se de tudo que passaram juntos. Mas agora, o que ela realmente sentia? Talvez estivesse enganada sobre Fernando, uma paixão jovem, que agora podia não significar nada. Não conhecia os sentimentos de Fernando. Se tomasse uma decisão precipitada poderia arruinar o Natal.
Era noite de lua cheia, mas havia muitas nuvens no céu. Nuvens de dúvidas. Nada de ilusões, agora Fernando é apenas um bom amigo, disse a seu próprio coração. Porém, não conseguia controlar as fortes e rápidas batidas dele quando Fernando se aproximava. Será que seu amor por Henrique estava acabado?
Era para ser uma noite natalina especial. No entanto, seus anseios deixaram-na bastante desconfortável quando acordou na véspera de Natal. Encontrou na mesa da cozinha dois buquês de flores. Um era de majestosas rosas vermelhas e outro de lindas orquídeas. Ela amava orquídeas, eram de Fernando.
Respirou fundo, pegou o telefone. Mas ele tocou antes. Henrique queria conversar. Disse que ela estava estranha e parecia meio insegura. Aline apenas confirmou. Talvez quisesse dizer algo, mas teve receio por ser Natal? Indagou Henrique. E ela continuou a confirmar. Havia prometido sinceridade a ele. A conversa não continuou mais.
Naquela noite, a casa estava cheia de amigos. Aline apresentou Henrique a Fernando, que não poderia ter ficado mais arrasado com a notícia de que Aline tinha um namorado. Céus! Tinha que pegar o presente que dera a Aline antes que ela o abrisse! Procurou pela árvore, mas não o encontrou. Alguns minutos depois, percebeu que era tarde demais, o pacote parecia que já fora aberto. Pelo menos o panetone é de chocolate, pensou. Uma janela emoldurava a lua brilhante no céu. Se pudesse fazer algo...
Henrique puxou Aline para um canto. E perguntou o que realmente sentia por seu amigo Fernando. Ela ficou em silêncio. Ele pegou um pacote um pouco amassado, pediu desculpas. Disse que sabia o que estava acontecendo e que era hora de não esconder mais nada. Podia tê-la como completa amiga, mas não podia ter uma meia-namorada, disse ele. E então, pediu desculpas novamente, entregou o pacote e foi embora.
Aline ficou atordoada. Abriu o pacote e descobriu que era de Fernando. Havia uma corrente com um pingente em forma de lua e uma carta enorme declarando seu amor e seus sentimentos por ela. Relembrando os momentos que passaram juntos, coisas que disseram um ao outro. E terminava com “Eu te amo”. Aline sorriu ao terminar de ler.
Lá estava ele, debruçado na janela, olhando para a lua. Ela se aproximou e sorriu. Eu também, disse ela. Então, eles se beijaram, tão tradicionalmente, debaixo do visgo de Natal, para nunca mais desencontrar-se. 


P.S. da Autora: Como alguns estavam curiosos por uma continuação da história, eis o meu presente de Natal para vocês! Espero que me perdoem pela ausência e demora, mas o fim de ano está sendo extremamente corrido e atarefado para mim. Obrigada pelos comentários e carinho de sempre. Com amor, Feliz Natal e Boas Festas!