Ser recatada no século 21 é bastante incomum.
Agregar muitos valores e princípios é ainda mais. Helena convivia facilmente
com seu próprio modo de vida. Enquanto seus amigos se divertiam perdendo todo o
senso-comum no álcool ou fumo, ela se satisfazia ao caminhar até o cinema do
shopping. Encontrava alguém às vezes que lhe fizesse companhia, mas se isso não
acontecesse não era motivo de deixa-la desanimada.
Apesar de Helena não participar dos mesmos programas
e hábitos que os outros jovens de sua idade, ela não era tão doce quanto
parecia. Aliás, nunca parecia doce. A verdade era sempre dita de forma natural,
mesmo que fosse um pouco inconveniente. Não havia hesitações quanto a sua
posição em qualquer assunto ou situação. Apesar de suas virtudes, ela era
desconfiada em se tratando de afeições.
Deitada sobre o sofá pequeno e com um livro nas
mãos, refletia. Esse tempo todo repeliu qualquer sentimento afetivo. Agora, era
inundada pela dor. Decidiu-se então, naquele momento consigo mesma a destruir
qualquer expectativa. Ela queria arrancar toda a dor e angústia que sentia,
esquecer tudo. Mas percebeu que este não era seu desejo. Ela queria agarrar-se
àquela dor com todas as forças de sua alma. E viver cada momento, cada
lembrança em seu pensamento. Não podia ignorar aquilo. A dor ainda sim era
melhor do não sentir nada. A dor ainda faria seu coração bater. Mesmo que
qualquer ato fosse inútil, bastava agora a espera. Ela queria sentir essa dor.
“Não te dei atenção naquela época.”
— pensou. Mas sabia que talvez fosse tarde e não entendia porque só agora era
receptível a gostar de alguém.
O telefone tocou. Helena largou o livro no chão e
puxou o aparelho até a orelha.
— Alô!
— Gabriel?
— Oi Helena! Tudo bom?
— Aham... E você?
— Tudo bem... Então... Você não quer ir ao cinema?
— Não, não quero. Por quê?
— Há, Há, Há...
Ela esperava em silêncio enquanto ele ria
desconsertadamente.
— Então... Vamos?
— Então... Não dá. Se era um convite, obrigada.
— Ahn... ok...
— Ok! Boa noite! — disse entusiasticamente por fim e
desligou.
Adorei seu blog..
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...voltarei aqui mais vezes..bjos!!!
Nem sempre o que a gente tem é o que a gente quer...
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