Archive for outubro 2010

Sobre hábitos e seus resultados


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Podemos achar que a definição do caráter de alguém se dá num momento de "clímax", de provas e grandes desafios. Mas apenas se torna evidente nestes momentos. A verdade é que as características se formam pelas pequenas e insignificantes escolhas diárias. Por exemplo,  eu poderia definir alguém, como simpático, educado e bem-humorado, não porque ganhou o Prêmio Nobel da Paz, mas porque diariamente esse alguém sempre foi sorridente, conversava com todos e não se irritava facilmente. São coisas simples que definem grandes coisas.
O que eu aprendi numa aula de filosofia há muito tempo e nunca esqueci foi que nossas ações nos levam aos nossos hábitos, que transformam nosso caráter. E o caráter? Nos leva ao que seremos.
Estava pensando sobre como nos tornamos o que somos hoje. Nossas qualidades, nossos defeitos, nossos gostos. E percebi que tudo isso, nós construímos ao longo do tempo com nossas descobertas e o modo como vivemos. É claro que podemos sempre mudar. Fazer outras escolhas. Porque hoje podemos querer uma coisa e amanhã outra, mas os resultados são a soma das pequenas escolhas e dos hábitos.


Todos da família achavam um absurdo quando Gabriel, aos 8 anos, dizia que seria médico quando crescesse. A mãe tentava alertá-lo dizendo que ele não tinha vocação para isso. Todos sabiam que ele mal podia ver sangue, imagine ser médico! Mas Gabriel achava que isso não importava muito. Ele se imaginava usando aquela roupa branca e falando sobre doenças e acidentes. Ficava no espelho fingindo ser um.
— Sinto muito... mas sua filha só tem uma semana de vida! Faremos uma última operação!
Ele tentava convencer a todos de que seria um médico ideal. Anos mais tarde, Gabriel tornou-se médico. Como personagem de uma peça de teatro.

Encontros e desencontros de uma Lua


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Fernando estava ansioso. Teria uma prova importante do dia seguinte e precisava de muita concentração. Ele estava preparado e só precisava relaxar. Abriu qualquer livro, talvez um de Machado. Leu algumas linhas, mas não conseguia se concentrar em nada. Foi até a sacada. 
E lá encontrou aquela brilhante lua. Sentiu uma brisa gelada, mas continuou ali. Esperou, como se tivesse hora marcada. E então, foi quando percebeu que a lua projetava sua luz em uma paisagem ainda mais deslumbrante. Uma bela moça estava ali embaixo. O preto do seu cabelo exibia os reflexos da lua. Sim, da lua. Mas ele não podia simplesmente chegar até ela. Ele não a conhecia. Apenas admirou a bela paisagem que tinha.
No dia seguinte, enquanto fazia a prova, se lembrou da paisagem que tornou-se para ele a sua favorita. Mas nada de ilusões, aquilo fora apenas um encanto pela sua beleza. Entregou a prova e  ao passar pela porta esbarrou em Aline. Imediatamente a reconheceu da noite anterior, ainda podia ver nela o brilho lunar. Estava tão perto e ainda assim parecia tão longe.
Na mesma noite, Fernando olhou pela sacada, ainda na esperança de reencontrá-la. E para o seu contentamento, lá estava ela, embaixo da mesma lua. Resolveu tomar alguma atitude. Foi até lá, disse boa noite. Ela respondeu educadamente. E naquele instante percebeu: aquela era a mesma lua de anos atrás. Ela pronunciou suavemente seu nome. E ele a reconheceu. Aquela mesma menina por quem ele era tão apaixonado, estava ali novamente. Ele teve a certeza de que o amor poderia superar o tempo e os desencontros... e voltar com o mesmo esplendor, assim como depois de uma lua nova, ela volta a brilhar novamente.