
Amanda parecia uma estátua na sala de estar. Os olhos arregalados, a respiração ofegante.
— Que maluquice é essa agora? — gritou Amélia, ao chegar e atirar-se no sofá.
— Amiga... — disse num tom baixo — meus batimentos cardíacos... minha visão distorcida...
— Ah, você está ensaiando pra peça teatral! Que legal!
Amanda virou-se para ela, encarando com um ar sério:
— Não estou brincando! É grave a situação!
— O que tu tem? Asma?
— Asma não causa visão distorcida, né?
— Sei lá, não sou médica! Mas você deveria ir em um logo, antes que morra! — brincou.
— É... — lacrimejou — vou escrever algumas cartas.
Amélia deitou-se de tanto rir. Mas quando percebeu que Amanda continuava séria, parou.
— Você vai escrever um testamento, é?
— Sim, não posso deixar tudo como está!
— Primeiro, você não tem herança pra deixar. Segundo, mesmo que tivesse tu nem ia ter pra quem deixar!
— Então, escreverei cartas de despedida.
— Você nem sabe se vai morrer! Vai que você não morre, perdeu tempo escrevendo isso. E ainda gastando papel sem necessidade. Então, digita no computador logo. Caso você morra, eu aviso o pessoal, beleza?
— Amélia, preciso de remédios! Talvez não haja tempo para cartas! Me leve ao médico!
— Se acalma! Qualquer coisa eu ligo pro meu primo!
— Sério? Ele é médico?
— Ahn... coveiro.
P.S.: Depois de uma enquete feita no blog, "Drama e Comédia" foi escolhido como melhor texto de ficção, então resolvi fazer um outro episódio. Leia ainda: Drama e Comédia
P.S.: Depois de uma enquete feita no blog, "Drama e Comédia" foi escolhido como melhor texto de ficção, então resolvi fazer um outro episódio. Leia ainda: Drama e Comédia