Archive for julho 2010

Distrações


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A mãe de Larissa chamava sua atenção constantemente. Todos tinham que gritar seu nome para que ela ouvisse. Mas não porque ela era surda, na verdade, ela era bem distraída. Foi essa desatenção, ou "excessiva distração" como sua amiga Nathalia chamava, que fez com que Lari fosse bem atípica.
Era sábado de manhã, e Larissa foi até a lanchonete próxima a praia, como de costume. Entrou e sentou em qualquer banco pegando o cardápio.
Um rapaz, começou a pigarrear. Mas Larissa não deu muita atenção, estava mergulhada em seus pensamentos. Eram pensamentos malucos, perguntas para si mesma, reflexões que somente  ela mesma se entenderia.  Passou-se alguns minutos e ela continuou a olhar fixo para o cardápio, sem prestar muita atenção. Ainda estava preocupada com outras coisas, quando:
— Tem que pedir antes da meia noite. A lanchonete fecha, sabe?
Larissa pulou da cadeira. Seu coração estava disparado, quando repentinamente notou um rapaz  desconhecido na mesma mesa. Ele riu.
— Eu a assustei?
— Ah, não... por que eu estaria assustada? — respondeu em um tom sarcástico — Tem um monte de mesas e um completo desconhecido se senta bem na minha frente! Eu posso saber por que tá sentado aqui? — Larissa o fuzilou com os olhos.
— Eu te faço a mesma pergunta. 
— Vem cá, você é doido?
— Provavelmente, não tanto quanto você. Ou talvez eu seja louco e você cega!
— Que grosseria! 
O rapaz riu outra vez.
— Tudo bem, apesar de eu ter chegado aqui primeiro. E você ter ocupado o meu lugar, — dizia gentilmente — eu vou ser educado e escolher outra mesa.
— Como assim você chegou primeiro?!
— Cheguei. E se aqui tivesse uma câmera, eu provaria pra você.
Larissa ficou muda. Como poderia ter ocupado uma mesa que já estava ocupada! Seria tão distraída, a ponto de além de ser "surda", ser "cega" também?
— Eu... er... — gaguejou.
— Tá tudo bem, eu já disse. — o rapaz estava se levantando quando Larissa o puxou de volta.
— Ah, me desculpe! Por favor, fique aqui. Eu vou pra outro lugar e perdoe a confusão. — ela ficou vermelha. 
— Nós podemos dividir a mesa, então?
Larissa sorriu. Deixou por um momento suas distrações, e começou a perceber o rapaz bonito que ele era. Alto, cabelos castanhos claros, belo sorriso... mas até sua beleza a distraiu. Foi assim, que Larissa o conheceu. Aquele desconhecido que transformou-se em seu futuro marido.

Drama e Comédia


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Amanda era uma adolescente comum de 15 anos com apenas um defeito: era super dramática! As pessoas a chamavam de rainha do Drama. Sua vida era uma autêntica novela mexicana. Tudo era só reclamação.
Até que um dia, uma nova garota chegou na cidade. Amélia era totalmente o oposto de Amanda, no entanto, as duas tornaram-se melhores e grandes amigas. Nunca a frase "os opostos se atraem" foi tão verdadeira. Elas eram juntas a Chuva e o Sol, o Amargo e o Doce, o Negativo e o Positivo, o Drama e a Comédia!
— Amiga! Que tragédia...
— Ai, que houve? — respondeu Amélia, com a boca cheia de salgadinhos.
— Você não vai acreditar! — gritou Amanda de olhos arregalados — Minha tia, vai casar!
— E a tragédia é...?!
— O noivo dela têm 89 anos de idade! 58 anos, mais velho!
— Não brinca? — gargalhou Amélia.
— Isso é muito triste... imagina a vida dela...
— Ele tem grana?
— Extremamente rico. Acho que ela nunca vai ser feliz. Será que ela o ama?
— Se ela o ama, eu não sei. Mas dinheiro...
— E se as pessoas falarem dela! Que ela casou por dinheiro! Ah, que horror! 
— Tsc... não esquenta! Ele não vai aguentar uma semana, aposto!
Amanda paralisou.
— É verdade... mas isso parece ser ainda pior! Então, você acha que eles vão se separar em uma semana?!
— Quê? Separar em uma semana? Rá, rá. Eu acho que ela fica viúva antes disso.
— Não! Se ele morrer uma semana depois do casamento, as pessoas vão pensar que foi a minha tia!  Que ela é uma assassina, que ela deu o golpe do baú, porque só tem 31 anos... e provavelmente, ela será presa! — Amanda perdeu o fôlego — Eu não posso ter uma tia presa! Eu não posso deixar minha tia ser presa!
Amélia ficou boquiaberta. Soltou um risinho e disse:
— Sossega teu desespero, mulher! Deixa sua tia ser feliz! E mesmo que ela vá presa, aí a gente faz o casório dela com meu tio.
— Seu tio é advogado?
— Er, na verdade, ele tá preso.